Gagueira é um transtorno da comunicação que afeta a fluência e o ritmo da fala. Essa condição é comumente caracterizada por repetições, prolongamentos, interrupções e bloqueios na fala. Frequentemente, a gagueira é associada à ansiedade social ou nervosismo. Entretanto, uma linha de pesquisa crescente explora a ligação da gagueira e as disfunções ou diferenças na atividade cerebral, especialmente nas áreas responsáveis pelo controle motor da fala. Essas alterações neurológicas podem influenciar a fluência da fala e levar a interrupções, repetições ou bloqueios na produção verbal.

O que é a gagueira

A gagueira, também conhecida como disfemia, é um distúrbio de fala caracterizado por interrupções no fluxo normal da fala. Essas interrupções podem incluir repetições de sons, sílabas ou palavras, prolongamento de sons, ou bloqueios em que a pessoa que está gaguejando é incapaz de produzir sons. Muitas vezes, essas interrupções são acompanhadas de sinais de tensão física, como tremores nos lábios ou tensão na mandíbula.

É importante notar que a gagueira pode ser muito variável. Algumas pessoas que gaguejam podem ter episódios mais frequentes em certas situações, como quando estão ansiosas, empolgadas, cansadas ou sob pressão, enquanto outras podem gaguejar com mais consistência.

Existem diferentes tipos de gagueira, incluindo:

– Gagueira de desenvolvimento: Este é o tipo mais comum de gagueira e geralmente começa na infância, muitas vezes entre os 2 e 6 anos de idade. Algumas crianças superam essa gagueira à medida que envelhecem, enquanto outras podem continuar a gaguejar na idade adulta.

– Gagueira neurogênica: Essa forma de gagueira ocorre quando há um problema na comunicação entre o cérebro e os nervos ou músculos que estão envolvidos na fala. Pode ser resultado de um acidente vascular cerebral, lesão cerebral traumática ou outra condição neurológica.

– Gagueira psicogênica: Neste caso, a gagueira é pensada para ter uma origem psicológica, como um trauma emocional. É um tipo relativamente raro de gagueira e geralmente começa na idade adulta.

O cérebro e a fala

Para entender a relação entre gagueira e alterações neurológicas, é essencial compreender como o cérebro controla a fala. Diversas áreas cerebrais estão envolvidas nesse processo, incluindo o córtex motor, o córtex pré-motor, o cerebelo e os gânglios basais. Essas regiões trabalham em conjunto para coordenar os movimentos dos lábios, língua e laringe, bem como para programar e controlar os padrões de ritmo e entonação.

Alterações neurológicas na gagueira

Estudos de neuroimagem revelaram que indivíduos que gaguejam podem apresentar diferenças na estrutura e atividade cerebral em comparação com aqueles que não gaguejam. Essas diferenças foram identificadas principalmente nas áreas responsáveis pelo controle motor da fala.

1. Conectividade reduzida

Pesquisas apontam para uma redução na conectividade entre várias áreas do cérebro envolvidas na fala em pessoas que gaguejam. Esta conectividade reduzida pode afetar a capacidade do cérebro de coordenar eficazmente os movimentos necessários para a produção de fala fluente.

2- Ativação assimétrica

Normalmente, a atividade cerebral durante a fala é lateralizada, o que significa que é mais predominante em um dos hemisférios cerebrais. Em pessoas que não gaguejam, essa lateralização geralmente ocorre no hemisfério esquerdo. Entretanto, em pessoas que gaguejam, foi observada uma ativação mais simétrica ou uma lateralização atípica para o hemisfério direito. Isso sugere que a gagueira pode estar associada a um padrão de ativação cerebral atípico.

3- Anomalias estruturais

Alguns estudos identificaram diferenças na espessura do córtex e na densidade de substância branca nas regiões do cérebro envolvidas na produção de fala em pessoas que gaguejam. Essas anomalias estruturais podem contribuir para a disfunção na coordenação dos movimentos da fala.

Gagueira não possui uma única causa, mas é evidente a associação cérebro e fala

Enfim, a gagueira é uma condição complexa que não pode ser atribuída a uma única causa. No entanto, é evidente que alterações neurológicas, particularmente nas áreas do cérebro responsáveis pelo controle motor da fala, desempenham um papel significativo em muitos casos de gagueira. Essas descobertas são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias de tratamento.

Tratamento da gagueira

Tratar a gagueira pode envolver uma variedade de abordagens, incluindo terapia da fala, aconselhamento e, em alguns casos, medicação. A terapia da fala, em particular, é frequentemente eficaz, especialmente para a gagueira de desenvolvimento em crianças. Pode envolver técnicas para controlar o fluxo da fala, reduzir a tensão durante a fala e melhorar a comunicação.

É importante tratar as pessoas que gaguejam com respeito e paciência, e reconhecer que a gagueira é um distúrbio de fala genuíno, não um reflexo de falta de inteligência ou habilidades de comunicação.

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